Filha de vítima de homicídio se torna policial e prende assassino do pai 25 anos depois

Uma história marcada por dor, superação e justiça finalmente se fechou nesta semana, 25 anos após um crime brutal que chocou Roraima. Raimundo Alves Gomes, acusado de matar Givaldo José Vicente de Deus em 1999, foi preso após décadas foragido. O que torna a captura ainda mais impressionante é o fato de que foi a filha mais velha da vítima, hoje policial civil, quem prendeu o homem responsável pela morte de seu pai.

Em 16 de fevereiro de 1999, Givaldo José Vicente de Deus, de 36 anos, foi assassinado com um tiro em um bar no bairro Asa Branca, Boa Vista. O motivo? Uma dívida de apenas R$ 150,00. Givaldo deixou cinco filhas pequenas, a mais velha com apenas nove anos. O crime abalou a comunidade e marcou profundamente a vida da família. A fuga do acusado, Raimundo Alves Gomes, que desapareceu após o homicídio, perpetuou a sensação de injustiça por mais de duas décadas.

Crescendo sob o peso da perda, a filha mais velha de Givaldo, desde muito jovem, decidiu que seu destino seria buscar justiça, não só para sua família, mas para todas as outras que, como a dela, sofreram com crimes impunes. Determinada, ela estudou e, anos depois, passou no concurso da Polícia Civi de TRoraima. Ao ingressar na corporação, fez um pedido específico: ser lotada na Delegacia Geral de Homicídios, onde acreditava que poderia, de alguma forma, fechar o ciclo de dor que sua família vivia desde a morte do pai.

Esse dia chegou. Após anos de buscas e investigações, Raimundo Alves Gomes foi localizado em uma região de chácaras, onde se escondia para escapar da Justiça. Uma operação, realizada com o apoio do Deint (Departamento  de Inteligência) da Secretaria da Segurança de Roraima, foi montada para sua captura, e a oficial responsável por dar voz de prisão ao fugitivo foi a própria filha de Givaldo. O ato encerra uma caçada de 25 anos e simboliza a vitória de uma família que, apesar do tempo, nunca desistiu de ver a justiça ser feita.

Raimundo Alves Gomes foi encaminhado ao sistema prisional, onde responderá pelo crime que destruiu a vida de Givaldo e mudou para sempre o destino de suas filhas. Para a filha mais velha, que passou de vítima indireta a agente de justiça, o momento foi mais do que um dever profissional – foi pessoal. A prisão do assassino de seu pai não apenas marca o fim de uma longa jornada de dor e incerteza, mas também um capítulo de redenção para uma mulher que transformou seu luto em motivação para lutar por um mundo mais justo.

Emocionada, a policial não fez declarações públicas após a prisão, mas aqueles que a conhecem sabem que o silêncio esconde uma mistura de sentimentos. Em 1999, ela era apenas uma criança; hoje, 25 anos depois, é uma profissional da lei que encerra um ciclo doloroso para sua família, mostrando que a justiça, embora tardia, finalmente foi feita.

O caso de Givaldo José Vicente de Deus agora chega ao fim, trazendo alívio para suas filhas, que podem, após tantos anos, ver o responsável pelo crime ser levado à justiça.