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Especiais CARROS SEM ESTEPE

Sai o estepe, entra o kit de reparo: As montadoras estão tirando o pneu sobressalente dos carros

Decisão visa reduzir peso e custos para as montadoras, mas gera debate sobre segurança e praticidade para os motoristas nas estradas brasileiras.

02/07/2025 09h48
Por: Ribamar Rocha Fonte: Bruno Teles - CPG
Por que as Montadoras Estão Tirando o Pneu Sobressalente dos Carros para Reduzir Peso e Custo.
Por que as Montadoras Estão Tirando o Pneu Sobressalente dos Carros para Reduzir Peso e Custo.

Uma mudança silenciosa está acontecendo no porta-malas dos carros novos: o tradicional  pneu sobressalente, o estepe, está desaparecendo. Em seu lugar, as montadoras estão colocando soluções como kits de reparo temporário e  pneus com tecnologia run-flat. A tendência, vista em modelos 2025 como o Volvo XC40, é impulsionada pela busca por mais eficiência e otimização de espaço.

Contudo, essa estratégia, amparada pela legislação brasileira, gera uma intensa polêmica. Para muitos motoristas, trocar uma solução mecânica e confiável como o estepe por tecnologias limitadas não faz sentido na realidade das estradas do Brasil. A mudança levanta um debate sobre segurança, praticidade e os custos que são transferidos para o consumidor.

 

A estratégia das montadoras: A busca por menos peso, mais eficiência e redução de custos

A decisão de remover o estepe é uma estratégia global da indústria, baseada em três pilares principais. O primeiro é a redução de peso. Um conjunto de estepe completo pode pesar entre 15 e 25 kg. Para as montadoras, cada quilo economizado conta, pois um carro mais leve consome menos combustível e emite menos poluentes.

Em carros elétricos, como o Volvo XC40, a questão do peso é ainda mais crítica. Menos peso significa mais autonomia de bateria, um dos principais fatores na decisão de compra. O segundo pilar é a economia de custos. Eliminar um pneu, uma roda e um kit de ferramentas de milhões de carros produzidos anualmente representa uma economia massiva para as montadoras.

Por fim, há a otimização de espaço. O local antes ocupado pelo estepe pode ser usado para aumentar o porta-malas, um argumento de venda importante, ou para acomodar baterias e componentes eletrônicos em veículos elétricos e híbridos.

Como funcionam o kit de reparo e os pneus run-flat, e suas limitações

Pneus run-flat: estes pneus possuem paredes laterais reforçadas que permitem ao carro rodar por uma distância limitada (geralmente 80 km) mesmo sem ar. A principal vantagem é a segurança, pois evita a troca de pneu em locais perigosos. As desvantagens são o custo elevado, o conforto de rodagem inferior (são mais duros) e a reparabilidade limitada. A maioria dos fabricantes não recomenda o conserto, forçando a compra de um pneu novo.
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Duas tecnologias principais surgiram para substituir o estepe pelas montadoras, mas ambas têm limitações severas.

Kit de reparo (selante e compressor): esta é a solução mais comum e barata. O motorista injeta um líquido selante no pneu furado com um pequeno compressor. O problema é que o kit só funciona para furos pequenos na banda de rodagem. Ele é inútil em caso de rasgos, cortes na lateral ou bolhas, danos muito comuns em buracos nas estradas brasileiras. Além disso, o selante pode danificar sensores de pressão e tem prazo de validade.

Pneus run-flat: estes pneus possuem paredes laterais reforçadas que permitem ao carro rodar por uma distância limitada (geralmente 80 km) mesmo sem ar. A principal vantagem é a segurança, pois evita a troca de pneu em locais perigosos. As desvantagens são o custo elevado, o conforto de rodagem inferior (são mais duros) e a reparabilidade limitada. A maioria dos fabricantes não recomenda o conserto, forçando a compra de um pneu novo.

 

O que a lei diz sobre isso: a Resolução 913/2022 do CONTRAN que permite a mudança

A remoção do estepe é permitida no Brasil. A Resolução nº 913 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), de 2022, autoriza que os veículos sejam vendidos sem o pneu sobressalente, desde que equipados com uma das soluções alternativas, como o kit de reparo ou os pneus run-flat. A legislação dá às montadoras a segurança jurídica para aplicar essa mudança, mas também exige que o consumidor seja informado sobre as limitações do sistema no ato da compra.

 

A polêmica no Brasil: Por que uma solução europeia gera insegurança nas estradas brasileiras

O principal medo do consumidor é ter um pneu rasgado por um buraco em uma estrada remota, à noite e sem sinal de celular. Nesses casos, o kit de reparo não funciona, e o motorista fica completamente dependente de um guincho, trocando um inconveniente de 30 minutos por horas de espera em uma situação de risco. A remoção do estepe transfere a autossuficiência do motorista para uma dependência de terceiros, gerando uma forte sensação de insegurança.
 

A grande controvérsia é que essa tendência global ignora o “Custo Brasil”. As soluções alternativas foram projetadas para mercados com estradas de boa qualidade e serviços de assistência rápidos. No Brasil, a realidade é outra.

O principal medo do consumidor é ter um  pneu rasgado por um buraco em uma estrada remota, à noite e sem sinal de celular. Nesses casos, o kit de reparo não funciona, e o motorista fica completamente dependente de um guincho, trocando um inconveniente de 30 minutos por horas de espera em uma situação de risco. A remoção do estepe transfere a autossuficiência do motorista para uma dependência de terceiros, gerando uma forte sensação de insegurança.

 

O caso do Volvo XC40 e o surgimento de um comércio paralelo de estepes

A reação do consumidor a essa tendência é clara. O  Volvo XC40, um SUV premium, é vendido sem estepe, oferecendo apenas o kit de reparo. A consequência foi o surgimento de um mercado paralelo: proprietários que não se sentem seguros com a solução da montadora compram estepes temporários e kits de ferramentas por conta própria, gastando mais de R$ 1.500 para ter a “paz de espírito” que o estepe proporciona.

Curiosamente, o Renault Kwid E-Tech, um dos elétricos mais acessíveis, vem com estepe de fábrica. A decisão da Renault pode ser vista como uma estratégia para atender a um consumidor que valoriza a simplicidade e a autossuficiência, mostrando que algumas montadoras ainda consideram a realidade local em seus projetos. Para o motorista brasileiro, a presença de um estepe físico, mais do que um acessório, tornou-se um item de segurança essencial.

7 comentários
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Sérgio Miguel leal Escobar Há 1 dia Poa RsVocê vai andar até que ocorra uma situação em que perca o pneu ou avaria de roda, depois liga para um guincho senta e espera, se não for assaltado estará no lucro.
GERSON DE ARAUJO ALMEIDAHá 2 dias GUARAPARINão comprem o veículo sem o estepe, nem todo reparo no pneu pode ser feito pelo motorista na rua. Precisa de mais esquipamento. Um absurdo trazer essa idéia insegura para nós, motoristas.
Fernando EMIDIO vargasHá 2 dias MONTES CLAROSEssa alternativa,como já colocado acima é para países que tem estrada decente,comunicação decente
RICARDO HHá 2 dias CURITIBACarro sem estepe, no Brasil, não vale a pena comprar ou ter. Um amigo, que teve o pneu cortado durante o tráfego por estrada asfaltada, esperou 5 dias para conseguir um pneu novo, para o carro BYD Song. Que tem medida do pneu incomun do mercado brasileiro. A sorte dele que não foi longe de cidade.
Israel AlbuquerqueHá 2 dias MaringáMais um motivo para não compramos o veículo que vem sem estepe para evitar de sabores no futuro, se a maioria dos consumidores se atentarem nesse detalhe e boicotarem as montadoras voltam atrás e coloca os estepe de sobre-sselência e se possível com a mesma medida dos pneus que estão rodando.
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