A alta dos preços dos alimentos, impulsionada pela inflação no Governo Lula, tem modificado radicalmente o comportamento de consumo dos brasileiros. Uma pesquisa do Instituto Ipsos, a pedido do C6 Bank, revela que 69% dos consumidores deixaram de comprar ao menos um item no supermercado nos últimos seis meses. Dentre as mudanças mais expressivas, 35% das famílias passaram a consumir carnes de segunda no lugar das opções premium.
Além disso, 22% substituíram carne por ovo, proteína mais acessível, mesmo com aumento de 19,1% no preço do quilo de ovos no ano, segundo o IPCA‑15. A disparada do preço da carne — com alta de até 8,3% em cortes nobres — levou brasileiros a adaptarem a dieta para lidar com o impacto no orçamento.
A pesquisa revela que sete em cada dez brasileiros alteraram a cesta de compras, cortando gastos ou trocando produtos. 35% trocaram cortes nobres por opções mais baratas, como frango de segunda ou carnes menos prestigiadas. Na sequência, 22% passaram a consumir ovos como alternativa à proteína animal, especialmente pela diferença de custo.
O filé de capa liderou as altas de preço, com alta de 8,3%. O fígado subiu 7,2%, o carneiro 5,3%, e tanto o cupim quanto o filé‑mignon tiveram alta acima de 4%. Já o ovo, que serve como proteínas acessíveis, encareceu 19,1%, segundo o IPCA‑15 — mas ainda assim oferece economia no comparativo com carnes mais caras.
Para Márcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o ovo se firmou como “a proteína mais barata e mais versátil”, capaz de substituir carne bovina, suína ou frango.
No entanto, a pesquisa mostra uma contradição: mesmo sendo alternativa, 21% das famílias reduziram o consumo de ovos — uma realidade ainda mais profunda na região Norte, onde a queda chegou a 27%.
Os dados apontam que quem mais muda o consumo são as famílias da classe C, segmento mais sensível a choques de preços por poupar menos e ter renda próxima dos gastos. Para Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, essas famílias não têm “colchão” financeiro e precisam cortar compras para equilibrar o orçamento. Em contraste, as classes mais altas conseguem manter o ritmo de consumo — mesmo com algum desconforto com a inflação.
Pelas estatísticas do IPCA‑15, os alimentos e bebidas acumularam alta de 4,34% no primeiro semestre, bem acima da variação de 3,1% do índice geral.
Em junho, houve uma leve trégua: quedas nos preços do tomate (-7,2%), arroz (-3,4%), frutas (-2,5%) e ovos (-6,9%) geraram uma deflação de 0,02% no grupo. Ainda assim, itens como o café moído dispararam 49,3% no ano — mais que dobrando o valor desde dezembro de 2023 (+101%).
A desvalorização recente do dólar reduz a pressão sobre os preços da soja e milho, matérias-primas das rações animais, o que pode amortecer os custos da carne no mercado interno.Segundo Felipe Salles, isso pode aliviar os preços, mas não permitir um retorno aos níveis de 2024. A inflação nos alimentos deve permanecer alta, embora com menor intensidade.
Além do ovo, os consumidores buscam:
Mesmo assim, as mudanças já brasileiras mostram o impacto profundo da inflação: o simples ato de variar o cardápio é hoje estratégia de sobrevivência para milhões.
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